04 julho 2006

O projecto

Ha já algum tempo tenho tentado escrever um livro... uma história pessoal mas impessoal ao mesmo tempo...
A verdade é que ando um pouco perdida agora... e ultimamente pouco tenho conseguido escrever... De certo modo espero que me possam ajudar... Aqui fica uma pequena passagem...


"Passadas 16 horas do início de Sábado, encontrei-me finalmente sozinha em casa. Sem medo, sem receios ou algo a temer senti que o tinha de fazer! Preparei, então, tudo como tinha já tantas vezes preparado em pensamento… O suicídio, parecendo que não é algo de muito trabalhoso e quis através de pequenos pormenores fazer com que tudo ficasse perfeito, nada podia falhar. Afinal, se para o comum mortal o casamento era visto assim, porque não poderia eu viver também intensamente o dia mais feliz da minha vida? E o modo mais romântico para o fazer era sem sombra de dúvida cortar os pulsos… impedir o coração de fazer o seu trabalho, sofrendo a cada milímetro do corte aquela tomada de decisão… Saí então de casa, e no único jardim existente numa enorme, vaga e solitária cidade de betão, colhi sete rosas vermelhas. Dirigi-me então, calmamente para um dos locais mais calmos da Terra… observei as pessoas à minha volta, escutei as suas conversas e os seus problemas, todos viviam as suas vidas privadas… Afinal o que mudaria se eu morresse? Absolutamente nada…
Os ferrugentos e pesados portões estavam fechados como o previ. Tive então de saltar o branco muro, atirando primeiro as rosas, e depois meu corpo…
O Mundo pode ser muito estranho, mas só o Mundo das pessoas… experimentem voar por instantes, fugir da rotina e de todos as coisas que conhecem… Há outro mundo aqui dentro, um mundo despido de preconceitos e maldade, de falsos deuses e falsas morais…
O sol reflectia-se nos mármores brancos, as flores murchavam com sede, queimadas, os anjos guiavam os meus passos, um após outro ouvi todos os murmúrios da morte, todos os espíritos me chamaram para que a eles me juntasse… E vi, de repente, o exacto lugar onde sempre deveria ter estado, observei o meu rosto tapado pela fria terra e soube ser ali o meu tumulo, o meu principio ou o meu fim…


(...)

Deitei-me sentindo por baixo de mim um rumor de almas presas. O mármore, desgastado pelo sol estava morno como a temperatura do meu corpo e senti que era impossível haver lugar melhor do que aquele em todo o Mundo! Apertei uma a uma todas as rosas nas minhas mãos, fazendo-as sangrar, compreendendo que depois seria eu… Tirei todas as secas pétalas e espalhei-as por cima do meu sepulcro e por momentos observei-as a dançar ao sabor do vento, por cima do meu corpo…
O canivete que tinha comprado, não era nada de especial, mas pareceu o suficiente para por termo ao tormento. Ao por a mão no bolso, senti-o de imediato, frio e liso, como um seixo da praia. Tirei-o e abri-o…
O primeiro golpe foi rápido… como um relâmpago, já a dor apareceu mais tarde… como se dum trovão se tratasse! Gritei, gritei muito… de dor, angustia, tristeza, sentimento de culpa… Com os olhos cheios de lágrimas, larguei o canivete, levei ambas as mãos à cara, tentando esconder do Mundo a minha inutilidade… encolhida sobre mim própria, fugindo mais uma vez da Vida!"

3 Comments:

Blogger mljeronimo said...

ola, passei aqui sem querer mas acabei por ficar a ler ;)
era so pra dizer k tens jeitinho pra escrita, so espero k o k escreves n seja a tua vida...seria uma grande tragedia perder um talento como tu!
continua o bom trabalho. bjs***

domingo, 09 julho, 2006  
Blogger Daniel Lemminkäinen said...

continua a escrevê-lo ;)

segunda-feira, 10 julho, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Ja passei por coisas parecidas.. e sei k nao é facil!! mas nao é assim de certeza que se resolvem os nossos problemas ou aqueles que tentamos arranjar so para ser uma desculpa para tal acontecimento!! tens de certeza abluta pessoas que te adoram ou que te amam.. acredito que seria acto muito complicado para elas depois saberem lidar!! Desculpa a invasao!!

sábado, 15 julho, 2006  

Enviar um comentário

<< Home